Declaração do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros sobre a crise dos cartoons
“Portugal lamenta e discorda da publicação de desenhos e/ou caricaturas que ofendem as crenças ou a sensibilidade religiosa dos povos muçulmanos.
A liberdade de expressão, como aliás todas as liberdades, tem como principal limite o dever de respeitar as liberdades e direitos dos outros.
Entre essas outras liberdades e direitos a respeitar está, manifestamente, a liberdade religiosa – que compreende o direito de ter ou não ter religião e, tendo religião, o direito de ver respeitados os símbolos fundamentais da religião que se professa.
Para os católicos esses símbolos são as figuras de Cristo e da sua Mãe, a Virgem Maria.
Para os muçulmanos um dos principais símbolos é a figura do Profeta Maomé.
Todos os que professam essas religiões têm direito a que tais símbolos e figuras sejam respeitados.
A liberdade sem limites não é liberdade, mas licenciosidade.
O que se passou recentemente nesta matéria em alguns países europeus é lamentável porque incita a uma inaceitável “guerra de religiões” – ainda por cima sabendo-se que as três religiões monoteístas (cristã, muçulmana e hebraica) descendem todas do mesmo profeta, Abraão.
Diogo Freitas do Amaral
Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros”
Eu lamento que o senhor Doutor Freitas do Amaral, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, não tenha, desta vez, falado unicamente na sua condição de cidadão português e tenha ajoelhado o estado português, perante dois países que usam este argumento para ainda continuar a promover o terrorismo. Eu não lamento nem discordo da publicação dos cartoons. Julgo que eles se inserem dentro dos limites da tolerância e da razoabilidade da nossa sociedade ocidental, dentro do escrupuloso respeito pelos outros e pelas suas ideologias e, em especial, dentro das normas vigentes da tão suada e conquistada liberdade de expressão.
Poderei eventualmente ser o único, no meio dos 10.500.000 de portugueses. Mas não lamento, bem pelo contrário, o que lamento é este seu comunicado.
Paulo Tomás