Analiticamente Incorrecto
2006/02/22
  Demagogia não diminui os méritos de Bono
"Pronto. Já deu tempo para todo mundo deitar e rolar de rir das bobagens que Bono falou na estréia da turnê Vertigo, anteontem, em São Paulo.A ladainha demagógica boniana passou dos limites, atravessando temas universais -amor e paz-, reivindicações imediatas -o hexa para o Brasil na Copa e o fim da pobreza- e o merchandising de produtos que lutam para ampliar mercado por aqui -como os celulares que tiram fotos e o "novo Brasil" de Lula."
...
"Ranço geracional
Não há como discordar que Bono perdeu o controle de sua verborragia. Se no passado ele havia conquistado aqueles que ficaram órfãos com o "fim da história" e das ideologias, hoje o que diz não passa de um blablablá monótono e absurdo que iguala a questão palestina à fome africana. Além da recém-incorporada desigualdade latino-americana, por razões mais do que evidentes.Mas classificá-los apenas como um dos produtos da geração "politicamente correta", como o editor da Ilustrada, Marcos Augusto Gonçalves, escreveu ontem ("Bono personifica a chatice da incorreção política"), é não apenas uma simplificação como também revela certo ranço geracional.Primeiro porque foi justamente a geração dele (a anterior a da turma que tem 30/40 anos hoje, na qual me incluo), que achou que seria possível mesmo mudar o mundo. Bono pretende apenas que se remende o que está roto. Segundo porque deixar que o discurso político dos irlandeses suplante sua importância musical é sugerir que o rock não tem futuro por estar apenas dobrando-se a uma simples moda passageira.Se existe um horizonte para o rock, este foi aberto pelo U2. Com seu elogio (e crítica) à cultura digital e globalizada, a banda é responsável pelo fenômeno do sucesso de bandas difundidas só pela internet, jovens, criativas e vibrantes como os Strokes.E, cá entre nós, José Saramago é um Nobel de Literatura, mas só diz bobagem quando o tema é política; Caetano Veloso pode ser o maior gênio da música brasileira, mas também às vezes fala demais, sem mencionar as posições disparatadas, à esquerda e à direita, de Gabriel García Márquez e Mario Vargas Llosa que não desmerecem, nem um pouco, suas obras."
SYLVIA COLOMBO
EDITORA DO FOLHATEEN
 
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