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O que leva 14 jovens a apedrejar e maltratar até à morte outro ser humano? Quais os factores sociais que estão na origem desta barbárie?
São cientificamente conhecidos os distúrbios que a adolescência provoca. Os excessos hormonais, as exacerbações de carácter e personalidade. No entanto não é comum na nossa sociedade um grupo de jovens praticar este tipo de actos selváticos.
Não é um acto provocado por uma ou duas pessoas, mas sim por um grupo de jovens que em conjunto decidiram apedrejar e espancar com requintes de malvadez uma pessoa. Segundo os relatos dos meios de comunicação social, após a consumação do acto, voltaram ao lugar e aperceberam-se que “a vitima estava viva porque lhe deram um pontapé e ouviram um gemido, voltando por isso a desanca-lo outra vez”. No dia seguinte, quando o assassinado já não dava sinais de vida, resolveram ocultar o cadáver num fosso.
Não deixa de sintomático os poucos familiares dos menores que foram ontem ao tribunal de família. Indicia a desagregação societária que o nosso país está a atravessar aproximando-nos velozmente das famigeradas bolsas do “4º Mundo”, típicas de países como o Brasil ou dos Estados Unidos. Estes tipos de sociedades sofrem de forma mais acentuada os efeitos de uma estrutura que acentua as desigualdades, onde o futuro é incerto e a possibilidade de oportunidade de vida são uma miragem.
Isto não é a defesa intransigente da família com célula de integração, não acredito nisso, é antes a defesa de serviços de apoio e encaminhamento competentes, e de uma maior civilidade e responsabilidade nas relações parentais nas famílias dissolvidas.
Que este caso sirva para uma reflexão profunda da nossa sociedade, que tipo de sociedade queremos e de que formas temos que actuar para prevenir estas situações.